Prefeito que matou policial a tiros pede licença para 'cuidados psiquiátricos' e para não deixar o cargo
08/07/2025
(Foto: Reprodução) João Vitor Xavier alega 'legítima defesa', mas câmera de segurança e depoimentos contradizem a versão. O afastamento é pelo período de 125 dias e o prefeito alega que está 'profundamente abalado'. João Vitor Xavier (PDT) é prefeito de Igarapé Grande (MA)
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O prefeito de Igarapé Grande, João Vitor Xavier (PDT), que assumiu ter matado tiros o policial militar Geidson Thiago da Silva, formalizou um pedido de licença do cargo, à Câmara Municipal de Vereadores, para cuidar de sua defesa e para 'tratamentos psiquiátricos'. A Polícia Civil do Maranhão pediu a prisão preventiva dele.
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O afastamento é pelo período de 125 dias que poderá e ser interrompido com seu retorno a qualquer momento. No documento, o prefeito alega que está "profundamente abalado (...), circunstância que demanda cuidados médicos específicos, sobretudo por ser um paciente bariátrico", disse.
Na prática, o ato de pedir licença também poderia manter o prefeito no cargo durante as investigações, se ele não for cassado pela Câmara.
Atualmente, o prefeito responde pelo crime em liberdade, já que ainda não há um mandado de prisão preventiva ou temporária. Na última segunda (7), após estar sendo procurado pela polícia, João se apresentou espontaneamente na Delegacia de Presidente Dutra, prestou depoimento, e foi liberado.
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Segundo o delegado Ricardo Aragão, superintendente de Polícia Civil do Interior, João não foi mantido preso porque não havia flagrante. Se for levado a julgamento, João Vitor Xavier, também deverá ser julgado em tribunais superiores, já que possui foro privilegiado.
O que diz a defesa / contexto do caso
A defesa do prefeito alega que João agiu em 'legítima defesa' porque o PM teria sacado uma arma durante uma discussão relacionada ao farol ligado do carro do prefeito. No entanto, de forma preliminar, testemunhas e a Polícia Civil contestam a versão.
"Foram cerca de cinco tiros. Provavelmente todos pelas costas. O corpo da vítima foi encaminhado para o IML de Timon para perícia", afirmou o delegado de Pedreiras, Diego Maciel, ao g1.
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No depoimento dado à Polícia Civil, João disse também que 'jogou' a arma no local do fato, mas a Polícia Civil ainda não encontrou o armamento. Imagens de uma câmera de segurança (veja abaixo) no dia do crime também não mostram o prefeito jogando a arma em algum local.
Prefeito de Igarapé Grande é suspeito de matar PM em vaquejada
Em relação à posse da arma, João afirmou ainda que o revólver que usou, calibre 38, tinha sido adquirido há dois anos por meio de um eleitor, que deu a ele como 'presente'. O prefeito disse ainda que a arma não tinha registro e nem autorização para posse.
Segundo testemunhas, o crime aconteceu na noite de domingo (6), durante uma vaquejada em Trizidela do Vale (MA), quando o PM e o prefeito se desentenderam pelo fato de o policial ter pedido para o João reduzir a luz dos faróis do carro porque estaria incomodando as pessoas no local.
Prefeito de Igarapé Grande (MA), João Vitor Xavier, é suspeito de matar a tiros o policial militar Geidson Thiago da Silva
Arquivo pessoal
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Uma das imagens coletadas pela polícia mostra um homem, que seria o prefeito João Vitor, indo até um carro preto, onde parece pegar um objeto. Em seguida, ele anda em direção a um grupo de pessoas, onde há uma aglomeração e, por fim, corre de volta ao veículo e vai embora.
De acordo com o delegado de Pedreiras, Diego Maciel, as imagens são do local da vaquejada onde estavam o PM e o prefeito. As imagens não mostram o momento exato, mas a suspeita é de que o prefeito efetuou os disparos quando o policial virava as costas e depois fugiu. Segundo a polícia, as imagens ainda passarão por perícia.
Prefeito é suspeito de matar PM no Maranhão
Relatos de testemunhas também apontam que houve uma confusão no evento e o prefeito João Vitor Xavier teria sacado uma arma e efetuado disparos contra o policial, que era conhecido como "Dos Santos" e estava de folga.
O PM ainda chegou a ser socorrido e levado a um hospital em Pedreiras, mas devido à gravidade dos ferimentos, foi transferido para uma unidade com mais estrutura. No entanto, ele não resistiu e morreu durante o atendimento. O policial era lotado no 19º Batalhão de Polícia Militar. Ele foi sepultado nesta terça-feira (8).
Após o crime, a polícia tentou localizar o prefeito, mas não o encontrou. Testemunhas do crime ainda estão sendo ouvidas pela Polícia Civil e outras provas devem ser analisadas.